domingo, 19 de abril de 2009

As flores na jarra.

As flores na jarra.
Brancas, amarelas e vermelhas – vivas como podem ser apenas por hoje.
Ontem eram botões, e amanhã o que serão?
Não sei se murcham, não sei se secam. Mas não, mais bonitas não serão.
Não há certeza do esmero com que foram cultivadas, da beleza de seu jardim.
Não se sabe quantas já sentiram seu aroma e suspiraram – como agora eu faço.
Encosto os dedos, uma a uma... e não imagino sendo tratadas com menos delicadeza, com mera indiferença.
No antes, penso eu, foram arrancadas da terra impetuosamente, como qualquer outra fora.
E depois, bem depois qualquer uma pode se aproximar de um buquê de rosas mortas, tétricas, e descartá-las como qualquer outra seria.
Contemplo-as: aumentando a satisfação, afastando o contentamento em tê-las.
Por fim, afundo seus caules de volta à jarra, digo a mim mesma que as divagações são vãs, que perguntas e certezas não as tornarão mais plenas e nem se quer perpétuas.
Forma-se, então, a lógica do bufão: preencha o vazio de hoje, mas contenta-te, pois nunca mais te verá tão completo
Permanece assim, meio oco, nem um pouco além da satisfação, e nunca experimenta o aroma das flores.

- Brancas, amarelas e vermelhas, desde que cada uma saiba o seu lugar.

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